Militares da FAB e os UFOs

 

Por Edison Boaventura Júnior - FAB REGISTRAVA CASOS DE UFOs - Em 1969, no IV COMAR (Comando Aéreo Regional), localizado no bairro do Cambuci, São Paulo, Brasil, foi criado o SIOANI – Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados, sendo este o primeiro órgão oficial da Força Aérea Brasileira (FAB) para pesquisa de Objetos Voadores Não Identificados (OVNI, ou UFO do inglês), sendo nomeado o major-brigadeiro José Vaz da Silva como chefe administrativo daquele órgão de pesquisa ufológica militar. Muitas ocorrências de pousos, avistamento de UFOs e seus tripulantes, além de fotografias dos supostos discos voadores, foram analisados na época pelos militares, chefiados operacionalmente pelo major Gilberto Zani de Mello.

No mesmo ano de fundação do SIOANI foram editados dois boletins informativos pela FAB, totalizando 52 páginas com informações normativas e estatísticas dos casos pesquisados. No segundo Boletim SIOANI foram relatados 58 casos acontecidos no Brasil, sendo que a maioria deles, ocorrida no interior de São Paulo. Alguns se tornaram clássicos, como por exemplo, o Caso Maria Cintra, o Caso Tiago Machado, dentre outros. Entre os anos de 1997 e 2004, eu estive no IV COMAR, em São Paulo e por três vezes no ano de 2004 no COMDABRA, em Brasília, para obter informações sobre as atividades do SIOANI. Eu me lembro que numa das ocasiões, estive lá acompanhado do pesquisador do GEONI (Grupo de Estudos de Objetos Não Identificados), senhor Osmar de Freitas e na oportunidade, obtivemos algumas informações interessantes sobre aquele órgão.
 
Em 18 de dezembro de 1997, tive a satisfação de conhecer pessoalmente o major Zani, que foi o chefe operacional do órgão e aprendi muito com ele, tirando algumas dúvidas que eu tinha sobre o SIOANI. Posteriormente, falei com o Tenente Carvalho que integrava o SIOANI e descobri como e o porquê era realizado a análise psiquiátrica nas testemunhas. Mais alguns anos se passaram e com as informações repassadas pelo Major Zani, conheci um outro militar e vi pela primeira vez os documentos oficiais e originais. O militar me passou este material riquíssimo e hoje, de forma inédita para a UFOVIA, revelo o modelo da carteirinha utilizada pelos militares nas investigações e também pela primeira vez, divulgo um relato sobre o caso número 36, acontecido em Serra Negra–SP, em 1968, devidamente registrado e comprovado por meio dos relatórios, documentos, croquis e cartas originais.

 

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Carteira usada pelos militares da FAB (IV COMAR) que integravam o Centro de Investigação de Objetos Voadores Não Identificados (CIOANI). Esta é mais uma prova concreta do envolvimento de militares brasileiros com a pesquisa dos UFOs nas décadas de 60 e 70.


 
Um detalhe importante que menciono é que, apesar do caso ter acontecido em 1968 – antes da criação do CIOANI (Centro de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados) – é nítido o interesse dos militares em saber o que estava acontecendo em nosso País nos anos anteriores, pois o relatório só foi preenchido em maio de 1969, pelo 1º tenente R/R Aer., Sérgio Desidério Moisés.
 
CORRESPONDÊNCIAS OFICIAIS - Em 02 de maio de 1969, o major Zani, por meio do ofício número 3 do CIOANI  solicitou que fosse realizada pesquisa completa sobre o caso, incluindo coleta de desenho da testemunha, depoimento e o envio do recorte de jornal referente àquela aparição. No dia 23 de maio de 1969, foi encaminhada ao IV COMAR, pelo militar responsável pela pesquisa, toda a documentação sobre o avistamento do senhor José Augusto de Lima Gonçalves, de 51 anos.

VÁRIAS ANTENAS LUMINOSAS - A ocorrência foi descrita no jornal O Serrano, edição nº 3.520, de 20 de outubro de 1968, como matéria de capa sob o título “Avistado Disco Voador em Serra Negra”. Entretanto, a reportagem não revela muitos detalhes da ocorrência. O relatório de 19 páginas dos militares tem mais conteúdo e riquezas de detalhes, pois explora aspectos que não foram abordados na matéria jornalística como, por exemplo, o blackout ocorrido no momento da aproximação do estranho objeto voador e sua aterrissagem.
 
Consta que o senhor José Augusto de Lima Gonçalves, de origem portuguesa, no dia 12 de outubro de 1968, se encontrava assistindo um programa de televisão por volta das 20h, em sua casa no Parque Turístico da Estância de Serra Negra, quando foi chamado por sua filha menor e sua esposa que avistaram primeiramente o UFO. Ele se dirigiu até a janela e viu o objeto estacionado numa altura de 15 a 17 metros, um pouco acima de um pinheiro.
 
“O objeto estava a uma distância aproximada de 50 metros, era luminoso e possuía várias antenas luminosas. Tinha um formato arredondado e com forma de pêra”, disse Augusto. Foi estimado pelas testemunhas que o objeto tivesse o tamanho de um automóvel de 4 a 5 metros, possuía a cor azul brilhante e não emitia nenhum som.
 
Movido pela curiosidade, o senhor Augusto pulou a janela e rumou em direção ao objeto, juntamente com outros moradores, mas, imediatamente, o UFO se deslocou para uma distância de aproximadamente 400 metros, pousando no solo. Não foi possível chegar ao local do pouso naquele momento, pois havia um barranco intransponível. O máximo que conseguiram se aproximar foi por cerca de 50 metros de distância daquele insólito objeto.

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No alto, o desenho do UFO, feito pelo senhor Agusto; abaixo, reprodução colorida feita pelos militares.


HOUVE BLACKOUT NO MOMENTO DA APARIÇÃO - Um detalhe importante foi que no momento do avistamento, as 12 lâmpadas dos postes elétricos existentes no local se apagaram, bem como as luzes residenciais também sofreram um blackout. Toda a observação durou 15 minutos e no total foram sete pessoas que presenciaram a aparição: os integrantes da família do senhor Augusto, mais os integrantes de uma família vizinha que morava a cerca de 600 metros de distância da sua residência. Pouco antes de desaparecer, o UFO elevou-se do solo, a uns 2 metros de altura e apagou totalmente suas luzes. Após o seu desaparecimento as luzes dos postes e do interior da sua residência acenderam normalmente. No dia seguinte, as testemunhas foram ao local do possível pouso, mas não viram nenhuma marca no solo, devido às chuvas que caíram pela manhã.

 

TESTEMUNHA CONFIÁVEL - O jornal O Serrano em relação ao caráter da testemunha escreveu: “O entrevistado de ‘O Serrano’ pessoa de hábitos moderados, mereceu, deste repórter, a mais sólida confiança”. O tenente Sérgio, em carta datada de 23 de maio daquele ano, informou que foi dificultosa a coleta de informações sobre o caso, por causa da má vontade da testemunha, provavelmente em função de já ter se passado cinco meses entre o avistamento e a coleta de informações para o relatório da FAB. Todavia, ...

ele informou que a emissora de rádio local fez uma entrevista com o observador, na época do avistamento. O diretor da rádio, senhor Alcebíades Feliz se prontificou a fornecer cópia da gravação, caso houvesse interesse da Aeronáutica.

 

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Verso da carteira usada pelos militares da FAB (IV COMAR).


CARTEIRINHA DE IDENTIFICAÇÃO DO CIOANI - Todos os informantes do CIOANI possuíam uma carteira de identificação com fotografia para obter facilidade em suas investigações. Cada integrante era enquadrado em uma categoria e também era atribuído um número de identificação. Na parte da frente da carteira [no início dessa matéria], além do nome, categoria, número de identificação, foto do informante e assinatura do responsável, havia o símbolo do CIOANI. No verso [foto acima] da carteirinha havia cinco recomendações:
 
1) Ouça com atenção – Narre por escrito;
2) Faça perguntas e colha respostas – Registre;
3) Fotografe: coisas, pessoas, lugares;
4) Preencha o relatório;
5) Envie urgente ao CIOANI.
 
Também constava no verso os seguintes dizeres: “Solicitamos imediato apoio das Forças Armadas e Policiais”.

 

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Envelope, com selos da época e um dos relatórios do CIOANI.

 

Tornando públicos estes comprobatórios documentos, que demonstram o interesse dos militares brasileiros pelos UFOs avistados no País, espero ter agregado mais informações aos leitores sobre o SIOANI. A minha intenção é paulatinamente, tornar acessível ao público, dentro de um contexto histórico, toda a informação existente e a metodologia utilizada pela FAB na época do SIOANI. Assim, voltaremos ao tema futuramente com mais novidades para preencher estas lacunas históricas da Ufologia militar no Brasil.

Edison Boaventura Júnior é pesquisador há 27 anos, fundador e atual presidente do Grupo Ufológico de Guarujá (GUG). Possui diversos trabalhos publicados em revistas, jornais e periódicos de vários países. Realizou e participou de vários congressos nacionais e internacionais. Participou de vários programas de televisão e rádio. Como pesquisador, adota a linha científica, tendo investigado centenas de casos de abdução, pousos e contatos com OUFOs, principalmente no Litoral Paulista. Participou intensamente da investigação do “Caso Varginha”, em Minas Gerais. Viajou para vários países para investigar o fenômeno, como por exemplo, Egito, Grécia, Turquia, Inglaterra, França, Peru, Chile e Argentina. Atualmente vem desenvolvendo levantamentos sobre a atuação de militares brasileiros em pesquisas relacionadas com o Fenômeno Disco Voador. É o pesquisador brasileiro que possui a maior quantidade de documentos oficiais sobre o assunto. Endereço para contato: boaventura_gug@hotmail.com Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. .


Relatório de Avistamento de OVNI em 1967


Em 18 de março de 1967, ocorreu um interessante caso de observação de OVNI nas proximidades de uma base da Força Aérea Brasileira, que ganhou repercussão internacional. O episódio envolveu uma aeronave modelo C-47, da Força Aérea Brasileira, e um avião do serviço de aerofotogrametria da Cruzeiro do Sul, quando ambas aeronaves aproximavam-se de Canoas, no Rio Grande do Sul.

Em 18 de março de 1967, ocorreu um interessante caso de observação de OVNI nas proximidades de uma base da Força Aérea Brasileira, que ganhou repercussão internacional. O episódio envolveu uma aeronave modelo C-47, da Força Aérea Brasileira, e um avião do serviço de aerofotogrametria da Cruzeiro do Sul, quando ambas aeronaves aproximavam-se de Canoas, no Rio Grande do Sul.

O avião C-47, matrícula nº 2077, decolou de Florianópolis (SC) com destino à Porto Alegre (RS). Aproximadamente 10 minutos após a decolagem, o capitão Jaeckel observou uma luz intensa, de tons azulados, voando ao lado direito do avião.

A luz seguia rumo a Porto Alegre, a mesma velocidade do avião. Nas proximidades de Torres (RS), a luz deixou de ser observada devido à algumas nuvens. Alguns minutos mais tarde, nas proximidades de Taquara (RS) a luz voltou a ser observada, desta vez posicionada um pouco a frente e numa altitude inferior ao do avião.

O capitão Jaeckel entrou em contado com o Centro de Controle do Aeroporto Salgado Filho questionando se havia algum tráfego aéreo nas proximidades. O Controle afirmou que não havia nenhum tráfego no local e que eles poderiam tentar uma identificação do objeto. Jaeckel e Puget, então, manobraram o C-47 tentando uma aproximação em relação ao objeto luminoso. A cada tentativa de aproximação o objeto apagava suas luzes e reaparecia em outra posição.

Diante da incapacidade de uma aproximação os pilotos desistiram da interceptação e dirigiram-se para a Base Aérea de Canoas. Ao sobrevoar a região da cidade de Novo Hamburgo, os pilotos perceberam a presença de mais um objeto, semelhante ao primeiro.

Quando o C-47 aproximava-se da Base, para efetuar o pouso, os dois objetos aproximaram-se da aeronave. Um deles mudou seu brilho de azul para um vermelho intenso. O pouso ocorreu às 20:45 hs, e após isso o objeto não foi mais visto. A bordo do avião, além dos dois pilotos, estavam o mecânico de bordo, Sargento Anacleto, o rádio-telegrafista, Sargento Araújo, cinco passageiros militares e 10 civis. Todos testemunharam a presença do estranho objeto.

O caso repercutiu na imprensa, sendo noticiado no Diário de Notícias, de Porto Alegre-RS, nas suas edições de 21 e 23 de março de 1967; Diário de São Paulo, nas edições de 23 e 24 de março de 1967; e no jornal Notícias Populares, de 30 de março de 1967.

 O fato chamou a atenção do Governo Americano que registrou o caso através do Serviço de Inteligência do Departamento de Defesa do país.

 

Fonte: https://www.viafanzine.jor.br/
       https://www.fenomenum.com.br/