AIDS: A Grande Trapaça - Parte 3
21/08/2011 10:34A Polêmica sobre o HIV e a AIDS
Lino Guedes Pires - médico - CREMERJ 52 46825/3
Há alguns anos atrás, possivelmente em 1998, publiquei o artigo abaixo em https://www.culturabrasil.pro.br/hiv.htm. Desde então, o que de relevante houve de modificações no tratamento da Síndrome de Imuno-Deficiência adquirida, SIDA, entre nós conhecida através da sigla anglófona AIDS, foi a diminuição das doses de AZT e também a introdução de anti-virais menos agressivos ao organismo humano. No entanto, pouco ou nada se fala ainda das causas que levam pacientes a utilizarem drogas ilícitas tais como a cocaína, a heroína ou ainda menos ainda se fala das causas que levam o ser humano a desenvolver padrões de comportamento sexual promíscuo. Sabemos de pacientes que chegam a Ter 20 relações anais passivas por dia com clientes diferentes. Imagine o que isto causa ao sistema imunológico. Então, continua-se a não se abordar de forma contundente estes comportamentos causadores de depressão imunológica e continua-se somente a prescrever anti-virais, a se indicar tratamentos psicológicos com a finalidade de levar o paciente simplesmente a aceitar sua condição de HIV positivo, a aceitar os efeitos colaterais dos medicamentos anti-virais e o único instrumento de prevenção proposto até agora é a camisinha. Nunca vi nenhum organismo governamental propor o questionamento da postura sexual de nenhum paciente! Alguma ONG o faz?
Temos ainda o problema da corrupção em nosso país.
Olhando-se a abordagem que o governo FHC, através de seu ministro da saúde, José Serra, tem dado ao problema, inspirado em proposta do PT, vemos que se baseia na distribuição "gratuita" de anti-virais e camisinhas e com isso tem sido este programa elogiado nas mídias de todo o mundo. Ora, isto seria muito bonito se tivéssemos duas certezas: 1- a de que o tratamento à base de medicamentos anti-virais somente é realmente eficiente. 2- que não há pagamento de comissões ilícitas a intermediários, a burocratas, a fabricantes e distribuidores, como tão comumente acontece. Ou será que estou equivocado e nossos funcionários públicos de alto escalão tem sido exemplos de honestidade no trato dos dinheiros públicos?
Abaixo, reparo algumas vírgulas e erros ortográficos somente e atualizo alguns endereços e telefones para que o leitor possa comparar o que pensava há anos atrás e o que está acontecendo hoje (31 de outubro de 2002).g
Veja bem. Não estou propondo um tratamento e sim questionando a abordagem oficial. Novas abordagens terapêuticas surgirão a partir do momento em que estes pontos abaixo apontados forem completamente compreendidos.
O HIV CAUSA AIDS?
Lino Guedes Pires - médico - CREMERJ 52 46825/3
Por volta de 1985 pela primeira vez fui procurado por um paciente que se apresentava apavorado devido a um resultado sorológico HIV positivo. Desde então percebi que o que naquela época matava de forma tão fulminante os pacientes "Aidéticos" era a carga emocional destrutiva da campanha publicitária que dizia: A Aids não tem cura, a Aids mata.
Então, eu era um médico formado somente há pouco mais de três anos mas, já com uma bagagem muito rica graças a experiências pessoais vividas e a muita leitura tanto dos livros do médico sueco Are Waerland, de outros autores vegetarianos e naturopatas, quanto dos textos de Wilhelm Reich que começava a estudar após conhecê-lo através do Gaiarsa.
Para mim, já naquela época suspeitava fortemente de que o HIV como causa da Síndrome de Imunodeficiência Adquirida seria um dos maiores embustes já perpetrados contra a humanidade e provavelmente a maior e mais cruel arapuca jamais armada para nos explorar.
Intuitivamente e baseado nestes grandes autores raciocinava que a Síndrome de Imunodeficiência Adquirida é adquirida porque os pacientes destruiam seus sistemas imunológicos através de uma alimentação equivocada e porque mentalmente estavam programados para a autodestruição. Aqui já cabe perguntar o que seria uma alimentação equivocada e o que seria estar mentalmente programado para se autodestruir. Estas respostas podem ser encontradas neste jornal e em vários livros publicados sobre vegetarianismo, macrobiótica e em diversas obras sobre psicologia e a bioenergética de W. Reich e mais ainda.
Neste ano, 1998, James DeMeo, Ph.D., diretor do Orgone Biophysical Research Lab (demeo@mind.net) (https://id.mind.net/community/orgonelab/index.htm) publicou Saharasia, um livro sobre as origens da violência na humanidade e dedicou o apêndice B totalmente ao tema da Aids onde afirma que o HIV não é a causa da Aids e apresenta um sumário de descobertas realizadas por pesquisas atuais como também lista centenas de referências a trabalhos publicados sobre os quais se apoiou para substanciar o texto. Os interessados em ler o original podem me contatar diretamente através dos tels. 021 2556 7737, através do E-mail linpires@iis.com.br, contatar este jornal, ou ainda solicitar o livro diretamente ao autor através do E-mail ou da home page citados acima.
Em seu livro Saharasia, DeMeo faz várias afirmações que vêm ao encontro de meu pensar. Afirma que "a alegação de que o vírus HIV causa AIDS é uma hipótese que não se apóia em fatos ou evidência e que tem se demonstrado inútil para predizer ou explicar a epidemiologia da AIDS". E continua: "Os advogados da hipótese do HIV sugerem que o HIV é significativamente diferente de todos os outros vírus e que somente a presença do anticorpo é suficiente para predizer o futuro desenvolvimento de sintomas mortais da AIDS. No entanto, em todas as outras doenças, a presença de anticorpos na ausência de um vírus ativo é um claro sinal de que o sistema imunológico do indivíduo foi exposto ao vírus e alcançou sucesso em sua resposta, vencendo-o. Considera-se alguém "imune" contra o desenvolvimento da doença ou de futuras exposições ao agente infeccioso. Com o HIV, no entanto, somos solicitados a desconsiderar esta bem conhecida resposta imunológica e acreditar que somente a presença de anticorpos é sinônimo de uma sentença de morte. Os advogados desta hipótese afirmam ainda que o vírus "esconde-se" dentro de certas células do corpo e permanece adormecido por muitos anos até que em algum momento que algo o desperta para a atividade, os sintomas aparecem. Desta maneira, o HIV é descrito como um tipo de "slow-virus" (vírus lento) que causa destruição anos após a primeira infecção sem jamais se replicar em quantidades suficientes para ser bioquimicamente significativo ou facilmente observável ( um tipo de vírus metafísico que mata mesmo quando não pode ser visto ou demonstrável). Como sempre, os "esconderijos" do HIV não foram demonstrados em qualquer grau de significância e esta ausência de "esconderijos" do HIV é um tropeço importante de várias teorias sobre a causa viral desta doença. A hipótese do "slow-virus" consequentemente passou nos últimos anos a ser seriamente questionável e a hipótese viral da AIDS padece das mesmas dificuldades".
A seguir, DeMeo afirma que a hipótese HIV da Aids não satisfaz os postulados de Koch para a identificação de um patógeno como agente causal de uma doença particular. "Estes postulados acertadamente guiaram a pesquisa microbiológica nos últimos 100 anos:
1) O organismo deve necessariamente ocorrer em cada fase de uma doença e em quantidades suficientes para causar efeitos patológicos;
2) O organismo não é encontrado em outras doenças e;
3) Após o isolamento e propagação em cultura, o organismo é capaz de induzir a doença em um hospedeiro inoculado.
O não desenvolvimento de sintomas após a inoculação é sinal de que o organismo não é agente ativo da doença.
A hipótese do HIV falha em todos estes pontos. Há muitos exemplos de pessoas sofrendo sintomas de Aids nas quais jamais se encontrou traços do HIV. Além disto, há um grande número de pessoas nas quais foram identificados traços de HIV (vírus ou anticorpos) e que permanecem livres de sintomas por vários anos. Esta dificuldade levou alguns "Fundamentalistas do HIV" a afirmar que o HIV é único no mundo viral e que os postulados de Koch não se aplicam ao HIV. Todos os anos, o grupo de pessoas identificadas como "anticorpo HIV positivo" torna-se maior, parcialmente porque os progamas de testes se expandem, mas também porque muitos dos previamente identificados como anticorpo positivos permanecem vivos e saudáveis. Muitos viveram por mais de 10 anos sem desenvolver os sintomas de Aids prenunciados ou outros problemas de saúde. E assim, o CCD (Centros de Controle de Doenças) está continuamente redefinindo e alongando o "período de latência" do desenvolvimento dos sintomas da Aids. A cada ano que passa, o período de latência é alongado em cerca de um ano adicional. Não somente o HIV se "esconde" no corpo como "adormece". Isto é claramente uma tentativa não científica para salvar uma hipótese que falha em predizer acuradamente uma patologia ou epidemiologia observada".
DeMeo afirma ainda que o "HIV é um vírus ineficiente e difícil de ser transmitido de um organismo para outro, mesmo acidentalmente, por via sexual ou mesmo através de injeção deliberada. Muitas tentativas foram realizadas para infectar primatas com a doença da Aids através de injeção direta de HIV - quando assim expostos, os primatas podem desenvolver respostas de anticorpos típicas mas, não adoecem ou morrem. Cerca de 150 chipanzés foram injetados com HIV pelo National Institute of Health em um programa que começou há cerca de 10 anos atrás e todos estão ainda saudáveis. Ferimentos com agulhas em hospitais onde profissionais são acidentalmente expostos a sangue infectado com HIV também não demonstraram sintomas de Aids. Por si, o vírus não "infecta" facilmente e produz somente a bem conhecida resposta com anticorpos e não os sintomas da Aids". Além disto, DeMeo encontrou evidências na literatura relacionada em seu artigo de que o "HIV não mata pronta ou rapidamente as células sanguíneas conhecidas como t-helper, a qual atua como seu hospedeiro. Aparentemente o HIV infecta estas células somente com grande dificuldade e uma vez infectadas lá se acomoda calmamente e sem mais durante o período de vida normal destas, sem proliferar significativamente para outras células e tecidos. DeMeo cita Peter Duesberg, um renomado estudioso de biologia celular da Universidade da Califórnia, que afirma que "precisamente esta é a natureza de retrovírus do HIV que não mata sua célula hospedeira e vive uma vida tranquila no organismo. Em laboratório o HIV é cultivado em culturas celulares com grande dificuldade e em contraste os vírus que produzem sintomas mortais se proliferam rapidamente, crescem facilmente em culturas celulares infectando muitos tipos de células e matam as células infectadas produzindo assim sintomas agudos. Vírus ativos são largamente distribuídos em tal organismo adoecido por essa virose e não são difíceis de identificar ou localizar. O HIV não faz nada disso e por essa razão Duesberg sugere que o HIV provavelmente é um retrovírus transmitido no período perinatal, presente em uma pequena percentagem da humanidade há várias gerações mas sem uma patologia associada. O HIV foi observado somente há poucos anos em razão da tecnologia para identificar e procurar retrovírus que se desenvolveu nos últimos anos. Em poucos casos evidências sugerem que o HIV pode produzir moderados sintomas análogos ao resfriado somente, não produzindo efeitos adicionais no indivíduo. Duesberg aponta o fato de que antes da descoberta do retrovírus HIV e antes da Aids ter sido identificada e proclamada como uma doença infecciosa, os indivíduos que fazem parte de grupos de alto risco morriam dos mesmos sintomas da doença e recebiam diagnósticos totalmente diferentes. Antes da Aids, os mesmos sintomas eram diagnosticados como candidíase, tuberculose, pneumonia, sífilis, anemia, demência, sarcoma e outras doenças e infecções bem conhecidas dos médicos. Hoje, o diagnóstico "Aids" é realizado em cerca de 25 sintomas de doenças diferentes...Hoje, se um paciente apresenta um destes sintomas juntamente com traços de HIV em seu sangue os médicos dizem que o mesmo "tem" Aids. Duesberg assinala a incrível potência atribuída a este único vírus, o HIV.
DeMeo afirma que historicamente as hipóteses de origens virais de inúmeras doenças não tem sido capazes de desenvolver cura ou avanço para os tratamentos. Isto é particularmente verdadeiro para o câncer e outras doenças degenerativas relacionadas ao sistema imunológico. As verbas para pesquisas de vírus haviam diminuido muito nos últimos anos e a Aids trouxe vida nova aos investimentos em pesquisas de vírus e vacinas. Um grande negócio!
No início deste artigo afirmei que já em 1985 acreditava que a Aids fosse devido a um estilo de vida autodestrutivo em termos de uma alimentação equivocada e atitudes autodestrutivas. Quando queremos curar uma doença temos primeiro que identificar a causa para então removê-la e subsequentemente tomarmos outras medidas para ajudar o organismo a se recuperar. No apêndice de seu livro Saharasia, DeMeo coloca de forma extremamente clara o por quê da Aids, antes questionando se os sintomas apresentados pelos indivíduos pertencentes aos grupos de risco são produto da exposição ao HIV ou se são o produto de doenças infecciosas oportunistas bem conhecidas que florescem em indivíduos cujo comportamento, estilo de vida, má nutrição e uso de medicamentos enfraqueceram seus organismos seriamente, levando-os a tornarem-se excepcionalmente vulneráveis e expoliados.
A seguir DeMeo afirma que os homossexuais e bissexuais promíscuos permanecem sendo o maior grupo de risco da Aids. Epidemias menores de doenças sexualmente transmissíveis incluindo sífilis, gonorréia e herpes assim como também hepatite tem ocorrido nas comunidades gays dos EUA. Infecções dos intestinos e bexiga relacionadas a contaminações são comuns. Exposição crônica a materiais infectados e microorganismos e correspondentes taxas de uso de antibióticos podem ser parte integral do estilo de vida gay onde dezenas de contatos sexuais ocorrem por semana, até por dia, realizando um grande desgaste à saúde e ao sistema imunológico. Mesmo antes da Aids, as casas de banho, a vida sexual promíscua dos gays que mais e mais "se assumiam" publicamente tornaram-se um pesadelo para a saúde pública. Este "estilo de vida" inclue o concomitante e abundante uso de várias drogas imunodepressoras legais e ilegais. Pesquisas demonstraram o abundante uso de cocaina, anfetaminas, maconha, álcool, estimulantes sexuais, afrodisíacos, nitritos amyl e butyl frequentemente ingeridos em várias misturas. Com todos estes fatores combinados pode-se prontamente perceber como um sistema imunológico danificado pode levar à doença. Particularmente o Sarcoma de Kaposi tem sido identificado como um fator resultante da exposição aos nitritos mesmo antes da era da Aids. Esta droga em particular é um relaxante do esfíncter anal que torna possível se tolerar a inserção de um pênis completamente ereto ou mesmo o punho de um homem no ânus. Estas agressões repetidas levam à ruptura dos tecidos do reto e mesmo a fístulas, tudo levando ao desarranjo do sistema imunológico. Além disto tudo, a injeção de drogas e estilo de vida que inclue freqüentemente a desnutrição e a injeção de substâncias estranhas na corrente sanguínea são também destruidoras do sistema imunológico. Geralmente, as experiências de vida de tais pessoas viciadas e pobres negligenciam a saúde pessoal e a higiene, sendo a injeção de substâncias estranhas na corrente sanguínea um lugar comum no dia a dia.
Estas pessoas são tratadas por médicos que não se posicionam de forma crítica à propaganda dos laboratórios farmacêuticos. Há, por exemplo, um grande número de indivíduos soro-positivos ao HIV que por diversos anos permaneceram completamente livres de quaisquer sintomas de Aids ou de qualquer outra doença significativa. Quando tratados com medicamentos tais quais o AZT, no entanto, estas pessoas adoecem e morrem de uma doença "desgastante". Então, DeMeo questiona, como também eu se estas mortes são devidas à infecção pelo HIV ou devido ao tóxico AZT? Segundo a história há muitos exemplos onde os médicos erradamente atribuiram a micróbios várias doenças que de fato eram produto de seus medicamentos tóxicos. A epidemia japonesa Smon terminou abruptamente quando o medicamento tóxico anti diarréico clioquinol foi retirado. A "Neurosífilis" desapareceu após médicos haverem cessado tratamentos prolongados com mercúrio e arsênico em favor da penicilina. Ambos eram considerados como causados por um microorganismo assim como a pelagra que mais tarde foi provado ser uma deficiência vitamínica. A respeito do AZT, o tratamento favorito da Aids, DeMeo afirma que esta é uma droga banida dos experimentos de tratamento de câncer retirada do uso público devido a efeitos colaterais tóxicos. De fato, afirma DeMeo, o AZT é uma droga que afeta a cadeia do DNA suprimindo funções do sistema imunológico e produzindo os mesmos sintomas atribuidos ao HIV! De acordo com Duesberg, aqueles tratados com AZT raramente sobrevivem mais do que alguns anos e os poucos estudos controlados do AZT realizados na Europa mostram que a droga por si produz sintomas idênticos aos da Aids e matam pessoas em altas percentagens de modo que ninguém sabe com certeza se os milhares de pacientes soro positivos de HIV que tomaram a droga e morreram, morreram devido à Aids induzida pelo HIV ou devido a envenenamento pelo AZT.
Em termos de prevenção, DeMeo, a meu ver, aponta corretamente que os advogados dos programas de distribuição de camisinhas não possuem evidência científica para apoiar os objetivos de sua engenharia social. Estudos sobre a segurança e eficácia das camisinhas imediatamente sugerem a incapacidade destas de impedir a passagem de partículas de tamanho equivalente a um vírus.. Dada a ausência de evidência ligando o HIV à Aids e à geralmente descuidada visão de controle sobre o que acontece com os usuários da camisinha, imediatamente fico a pensar sobre os interesses reais que existem por trás destes programas de divulgação do uso destes preservativos.
O assunto me é muito interessante, não o esgotei neste texto e aqueles interessados em mais detalhes podem procurar fazer contato comigo através deste jornal, ou através de meu E-mail linpires@iis.com.br.
O HIV é Inocente?
Um grupo de cientistas defende a mais rechaçada hipótese da Medicina atual: a de que a Aids não é contagiosa. Será que eles têm razão?
Por Flávio Dieguez
Em abril deste ano, o biólogo molecular Peter Duesberg, da Universidade da Califórnia em Berkeley, Estados Unidos, ficou profundamente animado ao receber uma carta assinada pelo presidente da África do Sul, Thabo Mbeki. Era um convite para participar, naquele país, de um debate sobre a relação entre o HIV e a Aids. Duesberg, o mais destacado defensor da tese de que a síndrome não é causada pelo vírus, aceitou a proposta e foi até Pretória discutir com mais 30 especialistas escolhidos pelo governo local - metade deles partilhando da sua opinião. Após acompanhar as explanações, Mbeki manteve a posição de seu país em não fornecer drogas anti-HIV para mulheres grávidas. Afinal, se o vírus não causa Aids, não faria sentido tentar evitar a sua transmissão de mãe para filho. Ainda mais considerando o alto preço dos medicamentos para um país em desenvolvimento (cada uma das pacientes consumiria cerca de 10 000 dólares por ano com a terapia padrão).
A reação da comunidade científica internacional foi imediata. Em julho, pouco antes da 13ª Conferência Internacional sobre Aids, realizada em Durban, na própria África do Sul, cerca de 5 000 cientistas de 80 países assinaram uma declaração reafirmando a tese de que o HIV causa a Aids. A crescente pressão política e a revolta interna (que incluiu desde membros do Ministério da Saúde até Nelson Mandela, o padrinho político do presidente Mbeki) fizeram com que o governo sul-africano se retirasse do debate, permitindo que alguns hospitais do país passassem a oferecer drogas anti-Aids para gestantes. Mas a polêmica trouxe os chamados "rebeldes da Aids" de volta à mídia. Duesberg, espécie de porta-voz do grupo, que vinha tendo seus artigos e idéias sistematicamente boicotados no meio científico, encontrou novo espaço. "Graças a Mbeki", disse ele na época, "a coisa está esquentando como nos velhos tempos."
Ao falar dos "velhos tempos", o cientista alemão radicado nos Estados Unidos se referia à segunda metade dos anos 80. Naquela época, ele era considerado por seus pares um dos maiores virologistas do mundo, pioneiro na descrição da estrutura dos retrovírus (categoria a que pertence o HIV). Eleito para uma cadeira na seleta Academia Nacional de Ciências americana em 1986 - e agraciado com uma dotação de verba de pesquisador emérito, da ordem de 500 000 dólares anuais - Duesberg chocou seus colegas no ano seguinte, quando tornou pública a sua tese de que a Aids não seria causada pelo HIV. Ao fazer isso, ele colocou em risco sua reputação e sua carreira: perdeu o respeito da maioria dos colegas e o financiamento para suas pesquisas. O cientista afirma que o boicote contra ele é sustentado pelos produtores de medicamentos contra o HIV (mercado que chega a movimentar mais de 2,5 bilhões de dólares por ano só nos Estados Unidos). Hoje Duesberg permanece à margem da pesquisa de ponta sobre o vírus e concentra seus esforços em atacar os pontos falhos que enxerga na teoria dominante.
Os rebeldes da AIDS
Os "rebeldes da Aids" surgiram em 1991. Seu nome oficial é Grupo para a Reavaliação Científica da Hipótese HIV/Aids, que hoje conta com mais de 600 cientistas em diversos países. (Duesberg só se juntou a eles em 1993.) Todos eles acreditam que não existem evidências suficientes para atribuir a síndrome ao vírus. (Duesberg cita 4 000 casos de Aids no mundo cujos pacientes não tinham o HIV.) O assunto é tão polêmico que mesmo entre os cientistas do Grupo há várias interpretações. A biomédica australiana Eleni Papadopulos-Eleopulos, fundadora do Grupo, é da facção mais radical: ela sustenta desde 1988 que o HIV simplesmente não existe, por mais que já tenha sido fotografado com microscópios e geneticamente seqüenciado - Duesberg a critica veementemente por isso. Mas o membro mais ilustre do Grupo talvez seja Kary Mullis, que ganhou o Prêmio Nobel de Química em 1993 por ter inventado o PCR (sigla em inglês para Reação em Cadeia da Polimerase), um método de identificação genética fundamental para a pesquisa contemporânea, incluindo o Projeto Genoma - e a forma mais eficaz para identificar a presença do HIV no corpo. Conhecido por seu perfil polêmico - discorda que a camada de ozônio esteja diminuindo, por exemplo - ele abandonou as pesquisas há algum tempo.
Duesberg mantém basicamente as mesmas posições desde o final dos anos 80. Ele aceita a definição corrente da Aids: um conjunto de doenças que ataca as vítimas devido à destruição de seu sistema imunológico. A sua divergência com a tese dominante está nas causas da síndrome. Em vez de ser contagiosa, a Aids seria um problema comportamental, ou uma "epidemia química". Em um artigo publicado em parceria com o colega David Rasnick, em 1997, na revista Continuum, publicação ligada ao Grupo para a Reavaliação Científica da Hipótese HIV/Aids, Duesberg formulou os pontos principais da sua hipótese. Segundo ela, todas as doenças relacionadas à Aids que excedem o seu nível normal nos Estados Unidos são causadas pelo consumo de drogas recreacionais ou medicamentos anti-HIV. "Essa hipótese é baseada no único risco novo à saúde que emergiu durante os últimos 25 anos na América e na Europa: a epidemia das drogas", escrevem os autores.
Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), até 1999 cerca de 85% dos casos de Aids naquele país ocorriam em homens - em sua esmagadora maioria homossexuais e usuários de drogas. "Isso se explica porque lá cerca de 80% dos usuários de drogas intravenosas são homens e porque homossexuais masculinos usam drogas afrodisíacas, anfetaminas e cocaína", afirma Duesberg. E também porque o comportamento promíscuo, que seria mais comum entre os indivíduos desse grupo, implicaria em uma série de doenças que debilitariam o sistema imunológico. Para Duesberg, se a Aids fosse realmente contagiosa deveria ter se espalhado uniformemente pela população norte-americana. Mas e a África? Lá a síndrome ataca igualmente homens e mulheres. Duesberg rebate: a causa de imunodeficiência naquele continente não são as drogas, mas a fome. Na realidade africana, portanto, faria muito sentido o fato de a síndrome atingir igualmente os dois sexos - já que ambos são da mesma forma vulneráveis à falta de comida e aos estragos que a subnutrição faz no sistema imunológico.
Visões opostas
O epidemiologista norte-americano Jay Levy, da Universidade da Califórnia, em San Francisco, tem uma visão oposta à de Duesberg. Ele atribui ao "efeito fundador" a predominância de casos masculinos de Aids nos países desenvolvidos. "A infecção pelo vírus começou essencialmente na comunidade homossexual", diz ele. "O vírus se espalha mais rapidamente pelo contato anal-genital. Como esse tipo de transmissão é mais comum entre homossexuais, isso explicaria uma taxa inicial mais alta entre os homens", afirma. Dessa forma, Levy acredita que o número de mulheres norte-americanas com Aids tende a aumentar nos próximos anos.
E o descobridor do HIV, o francês Luc Montagnier, do Instituto Pasteur de Paris, como se coloca nesse debate? Ele acredita que "ainda é necessário explicar por que a Aids não é tão heterossexualmente transmitida nos países desenvolvidos". Montagnier criou há dez anos a hipótese dos "co-fatores", que seriam fatores biológicos ainda não identificados, variáveis de região para região, capazes de alterar o padrão de infecção do HIV. Como ressaltou Levy, sabe-se que o risco de se pegar Aids numa relação sexual entre homem e mulher é pequeno, se comparado ao existente no sexo entre homossexuais masculinos. Montagnier supõe que um fenômeno biológico existente nos países em desenvolvimento poderia fazer esse risco aumentar: "Se um co-fator aumentasse em 100 vezes a infectividade do HIV, a transmissão heterossexual poderia se tornar comum", diz. Essa hipótese do pesquisador francês é muito criticada pela comunidade científica internacional. Mas tem sido usada por autores "rebeldes" como indício de que o próprio descobridor do HIV estaria "voltando atrás" e desacreditando o vírus como causador da Aids.
Comparadas a essas explicações, as idéias de Duesberg tornam-se atraentes por sua flexibilidade. Mas essa mesma característica levanta dúvidas quanto à sua solidez científica. "A 'hipótese da causa química' é construída de forma inconsistente, exigindo a inclusão de novas causas à medida que o vírus se alastra pelo globo", diz o virologista Paolo Zanotto, da Universidade de São Paulo. "Se nos Estados Unidos a causa da Aids é o excesso de exposição a agentes químicos e na África é a subnutrição, na Índia seria por causa do molho curry?"
Ninguém duvida que drogas e fome tenham efeito deletério sobre o sistema imunológico, mas a maioria dos cientistas sustenta que a Aids é um fenômeno específico e, vale ressaltar, sempre causado pelo vírus - que estaria presente em todos os casos da doença. Para Duesberg e os "rebeldes", o HIV seria apenas um "passageiro", pegando carona na fragilidade das defesas do corpo de quem usa muitas drogas ou passa fome. "O vírus é inofensivo e costuma ser rapidamente neutralizado pelo sistema imunológico de indivíduos sadios", afirma.
Debate acirrado
Como suposta prova de que o vírus tem função neutra no que toca à Aids, Duesberg cita a demora do HIV em desencadear a doença - o que não combina com o comportamento da maioria dos outros vírus conhecidos, que ou atacam logo ou são rapidamente destruídos pelos anticorpos. Diante desse argumento, Zanotto é incisivo: "Esse cara parou no tempo". Durante muito tempo se falou em um "período de incubação" aparentemente estável do HIV: o vírus permaneceria anos inofensivo, até causar a Aids e matar o paciente. Em 1996, um estudo feito pela equipe do biofísico Alan Perelson, do Laboratório Nacional de Los Alamos, nos Estados Unidos, demonstrou que essa imagem não batia com a realidade. "Na verdade, há uma luta entre o sistema imunológico e o vírus", diz Avidan Neumann, biomatemático da Universidade Bar-Ilan, de Israel, que participou do estudo de Perelson. O tempo que o vírus fica "inativo", na verdade, corresponderia ao período em que o corpo consegue se defender dele.
Se Duesberg está certo a respeito da inocência do vírus em relação à Aids, por que as pessoas soropositivas acabam, dentro de alguns anos, desenvolvendo a síndrome? Para ele, a resposta é que a imunodepressão é causada pelas drogas anti-HIV, como o AZT, que prejudicam a reprodução das células do sistema imunológico. Segundo Rasnick, parceiro de Duesberg no artigo publicado em 1997, essa droga, que durante muitos anos foi usada como a principal arma contra a Aids, teve seu lado ruim encoberto. "Em 1986, o estudo de licenciamento conduzido pelo Instituto Nacional do Câncer e pelo laboratório Burroughs-Wellcome erroneamente subestimou a toxicidade do AZT em 1 000 vezes", afirma. "No entanto, desde 1987, a dose prescrita só foi reduzida em três vezes."
Apoiado por Rasnick, Duesberg afirma que os remédios anti-HIV representariam "Aids por prescrição médica", matando portadores do vírus. Basicamente porque, ao bloquear o vírus, bloqueia também o sistema imunológico do paciente. E pior ainda: seriam dados sem necessidade, já que os testes de Aids dão positivo quando encontram os anticorpos para o HIV - e não o vírus - no sangue dos pacientes (para ele, os anticorpos seriam justamente o sinal de que o organismo já erradicou o invasor).
Nesse ponto, Neumann, co-autor do estudo que concluiu que o tempo de incubação do HIV não significa que ele seja inofensivo, é outra voz a acusar Duesberg de anacronismo. Segundo ele, os métodos de detecção do HIV por meio de anticorpos não são mais usados sozinhos para determinar se alguém é soropositivo - e se deve ser medicado ou não. "Hoje ninguém é tratado se não se encontra o RNA (código genético) do vírus em seu organismo", diz Neumann. O estudo do laboratório de Los Alamos demonstrou também que as drogas aumentam a capacidade do organismo de resistir ao vírus; conforme elas eram administradas, a quantidade de HIV no corpo diminuía e o sistema imunológico se recuperava. Mas a Aids acaba surgindo quando uma mutação do vírus consegue passar pela barreira imunológica e pelos medicamentos (quando se usa apenas o AZT isso pode ocorrer em poucas semanas - a vantagem do coquetel é a de que é mais difícil para o HIV escapar de várias drogas). Duesberg evitou comentar o artigo em que as evidências acima foram publicadas, dizendo que não tinha acesso a ele na Alemanha - país onde passa metade do ano, atualmente. Mesmo após receber uma cópia enviada por fax pela reportagem da Super, não teceu comentários.
Efeitos dos remédios
Nem o mais ortodoxo defensor da tese de que o HIV causa Aids seria capaz de negar os efeitos colaterais das drogas que combatem o vírus. Os mais conhecidos são náuseas, irritações de pele, cansaço excessivo, diarréia e dores musculares. Os defensores da tese dominante reconhecem que essas drogas têm efeitos prejudiciais ao indivíduo. Mesmo assim, defendem que elas compensam o sofrimento que causam. Segundo especialistas brasileiros que defendem a ligação entre Aids e HIV, há estatísticas do Ministério da Saúde mostrando que, depois de 1996, as internações e os óbitos causados por doenças relativas à Aids caíram drasticamente. Desde então vem sendo oferecida sistematicamente aos brasileiros a terapia HAART (sigla em inglês para Terapia Anti-Retroviral Altamente Ativa), muito mais eficaz do que os antigos tratamentos contra Aids. Isso provaria que medicamentos anti-HIV combatem a Aids, exatamente o contrário do que afirma Duesberg.
Muitos especialistas nem se dispõem a argumentar contra os "rebeldes". O caso mais notório é o de Robert Gallo, que perdeu para Montagnier uma disputa de anos sobre quem seria o autor da descoberta do HIV. Amigo e companheiro de pesquisas de Duesberg durante mais de 15 anos, hoje Gallo acredita que as idéias do ex-colega "não merecem uma resposta". Stefano Lazzari, membro da Organização Mundial de Saúde, reagiu da mesma forma ao tomar conhecimento das críticas do matemático australiano Mark Craddock, partidário de Duesberg, que defende a tese de que os dados sobre a Aids na África são exagerados. "Nós normalmente não respondemos a esse tipo de declaração não-científica", afirma Lazzari. "Indivíduos que acham moralmente aceitável tentar alcançar fama negando o desastre que a Aids está trazendo aos países africanos não merecem muita atenção."
Craddock afirma que os números de casos africanos de Aids mencionados pela mídia e pela indústria são previstos por um modelo de computador da ONU. "Em tudo o que se escreve sobre o assunto, as figuras citadas são os casos estimados, não o número de casos registrados." No caso de Uganda, segundo dados da OMS, haveria 820 000 casos em 1999. Mas o número registrado pelos médicos daquele país chega apenas a 54 712. Lazzari defende a tese de que o modelo é necessário, já que na África não há estrutura adequada para o registro dos casos da síndrome. "Nós estimamos que menos de 10% dos casos de Aids são realmente reportados, devido a fraquezas do sistema de informação e a dificuldades no diagnóstico", diz ele. De acordo com Lazzari, os quase 800 000 casos registrados de 1980 a 1999 significariam mais de oito milhões de doentes de Aids na África.
Mas e no Brasil?
Mas e no Brasil? Como Duesberg explicaria o fato de que, entre nós, a Aids tem crescido muito mais entre as mulheres do que entre os homens, independentemente de subnutrição ou uso de drogas? Muitas vezes elas desenvolvem a doença depois de pegar o HIV do marido. Questionado sobre o avanço da Aids no Brasil, Duesberg disse que "não analisaria tal situação até ver as estatísticas e aprender mais sobre as doenças que são diagnosticadas no país como Aids".
Outro ponto controverso envolve os hemofílicos. Existem dados de um banco de sangue de San Francisco que demonstram que vários indivíduos foram infectados por HIV durante a transfusão de sangue e morreram de Aids anos depois. Isso aconteceu na primeira metade dos anos 80, quando ainda não se usava AZT. Sem poder colocar a culpa nas drogas antivirais, como os "rebeldes" explicariam esses casos, ocorridos em pessoas que não usavam drogas nem passavam fome? Para Rasnick, os casos de hemofílicos que morrem de Aids podem ser atribuídos a fatores anticoagulantes usados em transfusões: alguns deles seriam tóxicos e poderiam abalar o sistema imunológico.
Eduardo Massad, professor da USP que pesquisa formas de controle de doenças infecciosas, considera que o debate com Duesberg e seus partidários é infrutífero. "Mais importante do que continuar essa discussão é, em primeiro lugar, saber que quando você previne uma infecção por HIV, você não tem Aids. E, em segundo lugar, saber que quando o indivíduo está infectado com o vírus, o tratamento aumenta muito sua sobrevida e sua qualidade de vida", diz ele. Críticas como a de Duesberg demonstram que a teoria que liga o HIV à Aids, mesmo sendo dominante no meio científico há quase duas décadas, ainda precisa ser melhor esclarecida. De outro lado, também não existem evidências científicas sólidas para afirmar que a tese dominante esteja errada. Ao que tudo indica, só o tempo trará respostas que sejam inquestionáveis e que tragam a cura. Exatamente pelo fato de a discussão ainda estar aberta, acesa e controversa, é fundamental prevenir. Se a Aids for uma síndrome causada por desnutrição e uso de drogas recreacionais, é fundamental alimentar-se bem e ficar longe de substâncias tóxicas. Se a Aids for mesmo obra do vírus HIV, é fundamental evitar a contaminação, notadamente por meio do sexo seguro.
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