Denúncia atinge ONGs
Relatório oficial afirma que as organizações ambientalistas estão a serviço dos países ricos
O LIBERAL, Edição:ANO LIX – Nº 31.025 Belém, Terça, 17/05/2005
Santarém (Agência Amazônia) - O Grupo de Trabalho da Amazônia (GTAM), um colegiado informal composto por integrantes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e de órgãos de Inteligência das Forças Armadas e da Polícia Federal, elaborou um relatório secreto que acusa várias Organizações Não Governamentais (ONGs) de atuarem na Amazônia como fachada para os interesses de países ricos. O relatório, que veio à tona no início do mês, confirma o que vinha sendo denunciado por entidades ligadas ao setor produtivo e coloca em xeque a ação de poderosas ONGs que atuam na região.
Segundo a assessoria de comunicação da Abin, o documento foi assinado pelo coordenador do GTAM e representante da Abin, Gélio Fregapani, e é consenso entre os integrantes do GTAM. Segundo o relatório, que veio à tona depois do conflito iniciado com a criação da reserva “Raposa Serra do Sol”, em Roraima, existem interesses estrangeiros sendo defendidos dentro da Amazônia brasileira pelas ONGs. Ainda de acordo com o documento, cerca de 115 ONGs atuam na Amazônia Ocidental sem que se saiba quais os reais interesses dessas entidades. O relatório revela que importantes ONGs internacionais agem pela internacionalização da Amazônia e aponta a participação de entidades brasileiras, algumas delas ligadas à Igreja Católica.
O relatório do coronel Gélio Fregapani alerta para o perigo da atuação livre dessas organizações, que seriam fachadas para os interesses econômicos e geopolíticos de países ricos como os Estados Unidos e alguns da Europa. “Muitas vezes, a serviço de outras nações, as ONGs valorizam o mapeamento detalhado das riquezas minerais, o acesso aos recursos genéticos e aos conhecimentos tradicionais associados à biodiversidade da região, sem o devido controle governamental”, diz o documento, que depois de divulgado por alguns jornais, não foi contestado pela Abin.
Jogo - O GTAM concluiu em viagem à Amazônia que existem fortes indicações de que os problemas ambientais e indigenistas são apenas pretextos e que as principais ONGs são, na realidade, “peças do grande jogo em que se empenham os países hegemônicos para manter e ampliar sua dominação. “As ONGs certamente servem de cobertura dos serviços secretos de países ricos”, diz um trecho do relatório.
O documento confirma o que já vinha sendo denunciado há algum tempo por entidades ligadas ao setor produtivo na Amazônia: que as ONGs contribuíram para a criação de extensas terras indígenas, áreas de proteção ambiental e corredores ecológicos que, atualmente, “sem dúvida alguma, dificultam e inibem a presença do Estado e (aplicação) dos programas de políticas públicas para a região”.
Documento mostra que as entidades são apoiadas por príncipe e banqueiro
O GTAM denomina os movimentos ambientalistas de “Clube das Ilhas” e os classifica em três setores: um elabora as diretrizes gerais, outro planeja as operações e um terceiro, a chamada linha de frente, realiza a ação direta como uma “tropa de choque”. No topo da pirâmide de importância, segundo o relatório, estão a União Nacional para a Conservação da Natureza (UINC) e o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), orientado pelo príncipe Charles, do Reino Unido, e que teria entre seus dirigentes o banqueiro Joseph Safra. As informações do GTAM confirmam as denúncias feitas pelo Movimento de Solidariedade Ibero-americana (MSIa), que edita várias publicações que acusam diversas ONGs de atuarem contra os interesses do Brasil.
Um dos líderes do movimento no Brasil, o jornalista mexicano Lorenzo Carrasco, em entrevista a O LIBERAL, denunciou a existência de uma “guerra de quarta geração” na Amazônia, com o objetivo de tomar a região do Brasil. Lorenzo é o autor do livro “Máfia Verde”, que foi tirado das bancas por determinação judicial, depois que a WWF moveu ação contra a publicação. As denúncias de Lorenzo são confirmadas pelo relatório do GTAM.
O GTAM denuncia que na área da reserva ianomâmi, bem ao lado da “Raposa Serra do Sol”, uma das ONGs com maior influência é a Survival International (SI), cujo roteiro de atuação foi criado pelo príncipe Philip, também do Reino Unido. A ONG internacional mais estruturada seria o grupo Greenpeace. As ações mais radicais seriam executadas pelo Greenpeace e Amigos da Terra, que já promoveram verdadeiras cruzadas contra obras de infra-estrutura e projetos de desenvolvimento na Amazônia. Segundo o MSIa, o objetivo das ONGs é dificultar o desenvolvimento econômico do Brasil e ao mesmo tempo passar a imagem que o país não tem capacidade de administrar a Amazônia, justificando a internacionalização.
Ajuda - A Abin confirma ainda outra denúncia feita por entidades da região: que o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), da Igreja Católica, principal defensor da “autonomia e da autodeterminação dos indígenas”, teria recebido, entre 1992 e 1994, US$ 85 milhões da Fundação Nacional para a Democracia, dos Estados Unidos, mantida pelo governo e dirigida pelo Congresso norte-americano.
Tudo indica que uma reunião secreta entre membros do GTAM e várias entidades em Santarém, no oeste paraense, tenha contribuído com as investigações que culminaram no polêmico relatório. A reunião aconteceu no dia 6 de fevereiro, quando manifestantes tentaram bloquear o rio Amazonas em protesto contra a paralisação do setor madeireiro na região. No mesmo dia, representantes das Forças Armadas se reuniram secretamente com várias entidades, entre elas as Associações Empresarial de Santarém (Ases) e das Industrias Madeireiras de Santarém (Asimas). As entidades denunciaram que a ação das ONGs estava paralisando a economia regional.
Coronel denuncia que organizações querem barrar o desenvolvimento
O coronel Gélio Fregapani já afirmou, publicamente, que o interesse de boa parte das ONGs que atuam na Amazônia é barrar o desenvolvimento do Brasil. Gélio Fregapani é o mentor da Doutrina Brasileira de Guerra na Selva e já esteve em quase todos os locais habitados e desabitados da Amazônia. Segundo o coronel, a Amazônia será ocupada por nós ou por outros e apesar de o Brasil ter legitimamente a posse, essa legitimidade não nos garante o futuro, segundo ele. “Se nós não ocuparmos a Amazônia, alguém a ocupará.. Se nós não a utilizarmos, alguém vai utilizá-la. Portanto a questão é: devemos ocupá-la ou não? Nós somos brasileiros, então devemos ocupá-la”, defende.
Gélio Fregapani diz que haverá pressões e que outros tentarão ocupar a Amazônia. “Sabemos que se nós não a ocuparmos, certamente teremos uma guerra pela ocupação”, alerta o coronel. Ele afirma que a necessidade de ocupação da Amazônia é um fato e a melhor forma é deixar prosseguir a fronteira agrícola. “E quanto mais perto das serras que separam o Brasil dos países ao Norte, melhor”, diz. Para o coronel, é nítido o desejo dos povos desenvolvidos tomarem conta das serras que separam o Brasil da Venezuela e da Guiana, por dois motivos: para evitar que o Brasil concorra com seus mercados e como reserva futura de matéria-prima.
Interesses – Fregapani denuncia que há três países especialmente interessados na Amazônia: os Estados Unidos, a Inglaterra e a Holanda. Eles teriam coadjuvantes: França, Alemanha e outros. “Mas o interesse dos Estados Unidos é mais profundo. Se nós explorarmos o ouro abundante da Amazônia, vai cair o preço do ouro, e isso vai diminuir o valor das reservas dos Estados Unidos, onde está certamente a maior parte do ouro governamental do mundo”, argumenta o militar. Segundo ele, isso seria um baque para os Estados Unidos, talvez pior do que perderem o petróleo da Arábia Saudita. “A grita ambientalista atende principalmente aos Estados Unidos, para cortar a exploração do ouro, e também para não atrapalhar seu mercado de soja”, denuncia.
Outro interessado, segundo Fregapani, é a Inglaterra, que tem especial interesse pelo estanho, mercado que sempre dominou. “Uma só jazida de estanho na Amazônia, do Pitinga, quebrou o cartel do mineral, fazendo despencar o preço de US$ 15 mil a tonelada para menos de US$ 3 mil. Agora está em US$ 7,5 mil, mas não voltou aos US$ 15 mil por causa de uma única jazida”, explica. O coronel reconhece que há ambientalistas sinceros, mas que, segundo ele, “acreditam nessas falácias, nessas mentiras, ostensivas, como a de que a Amazônia é o ‘pulmão do mundo’ e que os pólos estão derretendo por causa disso e por causa daquilo. Os pólos estão derretendo porque ciclicamente derretem e se alguma coisa influi nisso são os países industrializados”.
Sobre os pontos específicos de interesse estrangeiro na Amazônia, Fregapani diz que entre eles está as serras que separam o Brasil da Venezuela e da Guiana. “Lá é que estão as principais jazidas e minerais do mundo. É lá que eles forçam para a criação de nações indígenas e, quem sabe, vão forçar depois a separação dessas nações indígenas do Brasil”, denuncia. Um segundo ponto, segundo ele, é a orla da floresta, essa transição da floresta para o cerrado, perfeitamente apta à agricultura. Isso entraria em choque com os interesses dos Estados Unidos.
Retirado do CMI Brasil
EUA financia ONG$ via contas CC5
Rio, 8/fev/04– Ao longo da mais de década de publicação, o Alerta Científico e Ambiental tem reiterado - e demonstrado – que boa parte das campanhas de ONGs ambientalistas e indigenistas contra obras de infra-estrutura e empreendimentos do setor produtivo no País obedecem a uma agenda comum de cunho eminentemente geopolítico.
Hoje, o jornal Folha de São Paulo publicou uma verdadeira bomba com alto poder explosivo para importantes Organizações Não-Governamentais (ONGs) que atuam no país, algumas das quais influenciam diretamente as políticas ambientais e indígenas do governo, corroborando em parte o acima afirmado.
Segundo o jornal, um disquete do Banco Central contendo as operações de entrada e saída de dinheiro por contas CC5 no período 1996-2002, entregue à CPI do Banestado, revela, pela sucessão de desembolsos, que as ONGs e a Polícia Federal foram as áreas de maior interesse dos Estados Unidos no Brasil.
O grosso dos desembolsos para ONGs no Brasil via contas CC5 vem da Interamerican Foundation (IAF), criada pela Administração Nixon especificamente para promover os interesses dos EUA junto ao nascente movimentos de ONGs na América Latina, em especial na área ambiental. A IAF é mantida pelo Congresso dos EUA e sua diretoria é composta por três deputados e por seis empresários nomeados pela Casa Branca. Nos registros do Banco Central, as remessas são todas atribuídas ao governo estadunidense, que usa as mesmas contas pelas quais faz depósitos para funcionários da embaixada e dos consulados e custeia outros gastos de manutenção.
Dentre as ONGs citadas como receptoras dos recursos do governo estadunidense via contas CC5 aparecem o WWF (R$ 478 mil), o Viva Rio (R$ 458 mil), a Rede de Informações para o Terceiro Setor (R$ 399 mil) e a Fundação Acesita (R$ 430 mil), entre mais de 30 entidades.
Contudo, uma pesquisa no sítio eletrônico da IAF revela muito mais, como, de resto, já reportamos anteriormente. Somente para citar algumas “doações” entre 1995 e 2002 feitas a ONGs bastante familiares aos nossos leitores:
• Instituto Socioambiental (ISA) , uma das ONGs mais ativas no país em questões ambientais e indígenas (seu ex-diretor João Paulo Capobianco é o atual Secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente), recebeu US$ 143.864 em 1996.
• Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (ABONG), recebeu US$119.500 em 1995.
• Assessoria a Projetos em Agricultura Alternativa (AS-PTA) , uma das mais aguerridas ONGs contra os transgênicos, recebeu US$ 84.500 em 1995 e US$ 111.700 em 1996.
• Federação de Orgãos para Assistência Social e Educacional (FASE), recebeu US$ 123.000 em 1995, US$ 106.500 em 1996, US$ 106.500 em 1997 e US$ 202.350 em 1998.
• Instituto de Estudos Sócio-Econômicos (INESC), que atua fortemente no Congresso Nacional, recebeu US$ 112.012 em 1995.
• Instituto de Estudos da Religião (ISER), recebeu US$ 192.064 em 1995.
• Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), US$ 220.500 em 1995
• Instituto Centro de Vida (ICV), que atua fortemente nas campanhas contra as hidrovias Paraguai-Paraná e Araguaia-Tocantins, recebeu US$ 276.930 em 1999 e US$ 20.638 no ano seguinte.
• Fundação O Boticário de Proteção à Natureza (FBPN) , recebeu US$ 550.000 em 2000.
• Viva Rio, ONG-chave na campanha contra o desarmamento (ver abaixo), recebeu US$ 314.200 em 2001.
ONG$
É antiga a denúncia sobre a utilização das contas CC5 para a movimentação do rico filão das ONGs. O Correio Braziliense, em uma série de reportagens publicadas em julho de 1997, discorreu sobre os eco-dólares ingressados no Brasil e manipulados pelas ONGs, “um segredo guardado a sete chaves”. Na ocasião, o CB já chamava a atenção que o Banco Central não tinha qualquer controle sobre a entrada dos eco-dólares remetidos por instituições estrangeiras para ONGs aqui sediadas nem o ingresso de dinheiro por elas obtido no exterior, feitas pelas CC5, instrumento preferido pelos “lavadores” de dinheiro sujo.
Sobre evasão fiscal, o CB revelou dados interessantes da pesquisas feita pela ONG Fundação Grupo Esquel-Brasil, baseada em recursos enviados para ONGs “brasileiras” por fundações estadunidenses, da Igreja Católica dos EUA e da União Européia no ano base 92/93. Segundo essa pesquisa, tais entidades repassaram US$ 80 milhões no período mas não inclui doações e contribuições feitas diretamente às ONGs por pessoas físicas. A pesquisa, baseada em números da Receita Federal, indica que era crescente a quantidade de empresas que utilizam-se de doações para evitar o pagamento de imposto. Relata o CB: “Em 1994, por exemplo, foram doados R$ 6,1 milhões para projetos culturais, R$ 4,3 milhões para programas de apoio à criança e ao adolescente e - pasmem! - R$ 227 milhões em doações não dedutíveis do Imposto de Renda”.
O Viva Rio e a campanha de desarmamento civil
O recente sucesso da campanha de desarmamento civil dificilmente teria sido alcançado não fôra pela atuação de uma rede internacional de ONGs cujo principal núcleo no Brasil é o Viva Rio, uma das “beneficiadas” pelos recursos repassados pela IAF via contas CC5. O Viva Rio foi criado em 1993 com amplo financiamento de fundações oligárquicas como a Rockefeller, Ford, Roberto Marinho e outras e integra a Rede de Ação Internacional de Armas Pequenas (IANSA), criada em 1998 para coordenar a campanha de desarmamento em escala mundial.
Entre as diretrizes da IANSA - e do Viva Rio –, o vínculo entre o desarmamento civil e militar fica claro na proposta de “reduzir os gastos militares ao nível mais baixo possível”. Integram a rede notórias frentes oligárquicas da estratégia pró-“governo mundial”, como o Conselho Mundial de Igrejas (CMI) e outras. Em um boletim de imprensa do CMI, divulgado em maio de 1999, o presidente do Viva Rio, Rubem César Fernandes, afirmou que a campanha antiarmas brasileira representa “um esforço significativo, que poderá ser expandido em uma escala global”. Entre os patrocinadores da IANSA se alinham alguns dos conhecidos órgãos do Establishment internacional que costumam financiar empreendimentos contrários aos Estados nacionais soberanos: fundações Ford, Rockefeller, Compton, MacArthur e Samuel Rubin, Open Society Institute (do megaespeculador George Soros), Christian Aid (conhecida apoiadora das redes da Teologia da Libertação) e Ploughshares Fund.